Por Bruno de Pierro, do brasilianas.org
O Pará é o segundo maior Estado do Brasil, com uma população estimada
em mais de 7 milhões de habitantes e um PIB próximo dos R$ 50 milhões, o
13º do país. O principal motor da economia é a extração mineral e
vegetal. Ironia ou não, o primeiro curso de engenharia de minas do
Estado foi criado apenas em 2004, pela Universidade Federal do Pará
(UFPA). E, apesar de ser grande exportador, tendo o porto de Santarém
como principal escoador da soja do Mato Grosso , cursos de engenharia
naval e florestal foram criados recentemente, tendo poucas turmas
formadas. Para o diretor do Departamento de Geografia da UFPA, João
Marcio Palheta, o Pará ainda precisa se debruçar com mais profundidade
sobre debates mais urgentes, como este, da formação de mão de obra
especializada, do que se preocupar com decisões de “sim ou não” a
respeito da fragmentação do Estado.
“Precisamos discutir a agricultura familiar, a
reforma agrária, a corrupção. Isso os políticos não discutem; querem
discutir o “sim” e o “não”, se fragmenta ou não”, observa o professor,
ao se referir à possível realização do plebiscito sobre a divisão do
Pará e a criação de dois novos Estados, do Carajás e do Tapajós,
aprovado no final de maio pelo Senado. O plebiscito devera ocorrer
dentre de seis meses.
Em entrevista ao Brasilianas.org, Palheta afirmou
que a questão territorial do Pará não será resolvida caso a idéia da
divisão seja colocada em prática. “A população tanto do Tapajós quanto
do Carajás, aqueles que realmente precisam de educação, saúde e emprego,
continuariam na situação em que estão”. Para o especialista, Tapajós e
Carajás (o primeiro menos do que o segundo) enfrentam problemas de
identidade territorial, o que não está sendo levado em conta pelas
forças políticas que desejam a criação dos dois Estados.
“O conceito de identidade territorial dessas populações,
principalmente Carajás, não existe. Talvez Tapajós tenha um pouco, por
conta da questão do rio, das tradições, mas mesmo assim essa identidade
toda do Tapajós, que é muito mais antigo, essas mudanças econômicas que
ocorreram nos últimos 30 anos – tanto em um, quanto no outro – alteraram
pouco a configuração da política local. Distanciaram-se um pouco do
regionalismo paraense, mas ao mesmo tempo não criaram seus próprios
regionalismos. É um discurso muito frágil, que não resolve o problema da
população, que precisa de saneamento, educação, hospitais”, explicou.
Confira a integra da entrevista.