17 de agosto de 2011

Auditório da Unama fica lotado para debate

O belenense deu ontem à noite um prova de que está interessado em obter informações técnicas sobre a proposta de divisão territorial do Estado do Pará: o auditório David Mufarrej, do Campus Alcindo Cacela, da Universidade da Amazônia (Unama), ficou lotado para o encontro "A divisão territorial do Pará: interesses e implicações econômicas e geopolíticas", em que a presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, Adelina Braglia, defendeu justamente a tese de que o eleitor do plebiscito de 11 de dezembro deve informar-se ao máximo sobre o assunto, para responder à "pergunta mais importante" - "Quem ganha com a divisão do Estado? São João da Ponta, a periferia de Oriximiná ou o bairro do Guamá, por exemplo?". Do encontro, além de Adelina Braglia, participaram os professores Gilberto Rocha, do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia (Numa-UFPA), e Carlos Augusto Souza, da Unama, autor de pesquisa recente sobre o tema.
"A participação do Idesp nesse processo é a de atuar junto com o Ipea e a UFPA em um estudo detalhado sobre o assunto para facilitar o acesso da população a informações demográficas, geográficas, econômicas e sociais relacionadas à divisão do Estado", afirmou Adelina. Ela disse que algumas questões precisam ser respondidas, porque "essa federalização do Estado já existe, na prática, há quatro décadas". "Por exemplo, no recorte do Estado do Tapajós, 73% desse território são de unidades de conservação e terras indígenas, da União. Um outro aspecto é relacionado aos estados divididos, Mato Grosso e Goiás, porque Tocantins apresenta renda per capita, renda média menor. Então, temos de saber se vamos distribuir riqueza ou dividir miséria", completou.
Para o professor Gilberto Rocha, não se trata apenas de ser contra ou a favor da divisão. "Fundamental é analisar os dados sobre o Pará, os recursos econômicos, o uso do território, a distribuição de riquezas e averiguar o que têm sido as políticas públicas de desenvolvimento, particularmente sob o comando da União". Gilberto destacou que, com a divisão, o Pará ficaria com os recursos do ICMS e a maior parte da população atual, sem a agropecuária e o setor mineral, que ficariam com Tapajós e Carajás. "A divisão seria benéfica para a elite dos novos estados, porque ganhariam representatividade politica. Mas seria bom para a população dessas áreas e para a outras regiões do Estado?", a pergunta foi lançada pelo professor Carlos Augusto Souza durante o encontro de ontem.