O
belenense deu ontem à noite um prova de que está interessado em obter
informações técnicas sobre a proposta de divisão territorial do Estado
do Pará: o auditório David Mufarrej, do Campus Alcindo Cacela, da
Universidade da Amazônia (Unama), ficou lotado para o encontro "A
divisão territorial do Pará: interesses e implicações econômicas e
geopolíticas", em que a presidente do Instituto de Desenvolvimento
Econômico, Social e Ambiental do Pará, Adelina Braglia, defendeu
justamente a tese de que o eleitor do plebiscito de 11 de dezembro deve
informar-se ao máximo sobre o assunto, para responder à "pergunta mais
importante" - "Quem ganha com a divisão do Estado? São João da Ponta, a
periferia de Oriximiná ou o bairro do Guamá, por exemplo?". Do encontro,
além de Adelina Braglia, participaram os professores Gilberto Rocha, do
Núcleo de Altos Estudos da Amazônia (Numa-UFPA), e Carlos Augusto
Souza, da Unama, autor de pesquisa recente sobre o tema.
"A
participação do Idesp nesse processo é a de atuar junto com o Ipea e a
UFPA em um estudo detalhado sobre o assunto para facilitar o acesso da
população a informações demográficas, geográficas, econômicas e sociais
relacionadas à divisão do Estado", afirmou Adelina. Ela disse que
algumas questões precisam ser respondidas, porque "essa federalização do
Estado já existe, na prática, há quatro décadas". "Por exemplo, no
recorte do Estado do Tapajós, 73% desse território são de unidades de
conservação e terras indígenas, da União. Um outro aspecto é relacionado
aos estados divididos, Mato Grosso e Goiás, porque Tocantins apresenta
renda per capita, renda média menor. Então, temos de saber se vamos distribuir riqueza ou dividir miséria", completou.
Para o
professor Gilberto Rocha, não se trata apenas de ser contra ou a favor
da divisão. "Fundamental é analisar os dados sobre o Pará, os recursos
econômicos, o uso do território, a distribuição de riquezas e averiguar o
que têm sido as políticas públicas de desenvolvimento, particularmente
sob o comando da União". Gilberto destacou que, com a divisão, o Pará
ficaria com os recursos do ICMS e a maior parte da população atual, sem a
agropecuária e o setor mineral, que ficariam com Tapajós e Carajás. "A
divisão seria benéfica para a elite dos novos estados, porque ganhariam
representatividade politica. Mas seria bom para a população dessas áreas
e para a outras regiões do Estado?", a pergunta foi lançada pelo
professor Carlos Augusto Souza durante o encontro de ontem.